sexta-feira, 10 de junho de 2011

João Gilberto: mito e genialidade.

Nenhum tipo de música brasileira projetou o Brasil no mundo como a Bossa Nova de João Gilberto. Grandes bandas internacionais de rock e blues trazem em seu estilo a influência de Bossa Nova. João Gilberto passou a viver mais na Europa e nos Estados Unidos do que no Brasil devido a grande procura para concertos e espetáculos do novo ritmo musical consagrado por ele.
João Gilberto é cultuado como um dos maiores gênios da história da música popular mundial e respeitado internacionalmente. Por onde passa, em qualquer lugar do planeta, é recebido com grande personalidade e respeito. No Japão, França, Inglaterra, enfim, toda a Europa e nas Américas é considerado um dos grandes nomes da história da humanidade. Garota de Ipanema é uma das dez músicas mais tocadas no mundo.
Contudo, continua cheio de hábitos estranhos. Passa meses escondido, trancado em seu apart-hotel, quando não está fora do Brasil. Detesta multidões e é, muitas vezes, chato e abusado. Não recebe visitas e até quando o garçom leva suas refeições em seu apartamento ele deixa a porta meio aberta para que as bandejas sejam deixadas na porta e só após o sumiço do garçom, ele põe apenas a mão para fora e, com todo cuidado, pega a comida.
Dizem que ele tinha um gatinho como única companhia em seu apartamento, mas um dia, depois de horas e horas repetindo a mesma música dezenas e dezenas de vezes, na tentativa de chegar à perfeição, o gatinho, não agüentando mais, se atirou da janela que ficava no décimo andar do prédio.
Outra história estranha a seu respeito é que um dia convidou Elba Ramalho para jogar cartas, quando Elba chegou ele não quis abrir a porta e ficaram jogando as cartas por baixo da porta (ele por dentro e ela por fora do apartamento).
Um certo dia tinha um show marcado para as dez horas da noite e o teatro já estava lotado de uma platéia selecionada. Já era quase meia noite e nada de João Gilberto entrar no palco. Preocupada com a demora, uma assistente foi ao camarim do astro vê o que estava acontecendo e lá o encontrou numa terrível dúvida: tinha a seu lado duas calças; uma azul e outra preta. O que lhe atormentava era a escolha de com qual calça faria o show; pois se usasse a azul, a preta ficaria triste e se usasse a preta, a azul poderia ficar chateada.
Há muitas histórias esquisitas a seu respeito, mas a genialidade desse baiano é maior que os boatos que o rodeia e faz de João Gilberto um dos maiores nomes de toda a história do Brasil.
Hoje, a Bossa Nova, criada com um simples violão, já faturou mais de 10 bilhões de dólares em todo o mundo.
Baiano da cidade de Juazeiro, João Gilberto é conhecido por sua genialidade e excentricidade. Chegou no Rio no início de 1950, e foi cantar num grupo vocal chamado Garotos da Lua. João Gilberto iria ter uma vida de imprevistos e maus momentos nos anos que viriam. Um estranho no meio musical carioca. No início cantava de tudo, inclusive os carnavais dos anos 1950.
Em pouco tempo já era respeitado no meio musical carioca. Tanto cantava quanto tocava. Seu vozeirão chamava a atenção e muitas vezes nem precisava de microfones para ser notado e ouvido com clareza. Seu grupo se destacava e choviam convites para shows, sempre lotados.
Já em Juazeiro da Bahia, sua cidade natal, João Gilberto era conhecido como um irresponsável, preguiçoso, desleixado, caloteiro, mentiroso... e no Rio, já em plena fama, não esqueceu os maus hábitos. Começou faltando aos shows e às apresentações nas rádios de quem seu grupo era contratado. Sem dar explicação, sumia por dias, aparecendo de repente com a maior cara de pau. Não durou muito e os garotos da Lua lhe mandaram procurar “outra turma”; demitiram-no.
Ao chegar no Rio um amigo da família lhe arranjou um emprego, onde João Gilberto, preguiçoso como era, comparecia uma vez por mês, para receber o dinheiro. Não demorou muito e também foi demitido.
Desde que chegou no Rio, foi morar com os colegas do grupo Garotos da Lua. Agora, sem o emprego, sem o cachê e sem a ajuda da família, que já o considerava um caso perdido, o que fazer?
Sem dinheiro, sem trabalho foi morar no apartamento de um amigo, mas parecendo não reconhecer os favores, já que sempre acordava meio dia, fazia a maior zorra no quanto, na sala, na cozinha, além de não colaborar em nada com as despesas e levar suas visitas indesejáveis, também não demorou muito e foi mandado embora. E assim seguia sua saga. Logo batia a porta de outro amigo com seu saco de roupas nas costas e, sem ser convidado, já adentrava e se acomodava “por uns dias”, que se tornavam semanas, meses, até aprontar tudo de novo e ser mandado embora.
Perambulava pelas noites boemias do Rio, nos bares onde costumava fazer shows, mas não costumava entrar. Ficava de fora esperando os intervalos para bater um papo com seus colegas que lá estavam se apresentando e durante muito tempo viveu assim. Ninguém mais queria contratá-lo, pois sabia que o calote era certo.
Um dia conheceu um senhor chamado Luis Teles que o quis “adotar” e por um bom tempo lhe garantiu moradia, comida, roupas e até uns trocados para bancar suas mais elementares necessidades; como um cigarrinho de maconha vez por outra. Preocupado com o estado de debilidade do rapaz: cabeludo, triste e muitas vezes conversava sozinho, Luiz Teles o levou para Porto Alegre aonde, em poucos meses, praticamente toda a cidade já o conhecia por sua simpatia e talento ao violão. Lá João Gilberto começa a dar os primeiros passos no caminho que o levaria mais tarde aonde talvez nem ele próprio pudesse imaginar.
Dessa viagem a Porto Alegre ele chegaria a Diamantina, MG, onde respiraria ar puro e, mantido a pão e leite, com tudo o que tinha direito (e também o que não tinha): hotel de primeira qualidade, dinheiro, roupas caras e tudo isso fazendo absolutamente nada. Luis Teles não exigia nada em troca, João Gilberto agora tinha todo o tempo do mundo para se dedicar a sua música e passava dias e noites incansáveis sobre seu violão (também dado por Luis Teles) estudando. Dizem que passava até 4 horas estudando um mesmo acorde em seu violão. Não demorou e produziu sozinho, com seu violão, um estilo musical que levaria mais tarde o nome do Brasil para aos quatro cantos do planeta: a BOSSA NOVA.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Comentário de Rachel Sheherazade sobre o Carnaval

fonte :blog da jornalista

Hoje é quarta-feira de fogo, mas eu não vejo a hora de chegar a quarta-feira de cinzas.Não que eu seja inimiga do carnaval. Inclusive já brinquei muito: em clubes, nas prévias, nos blocos.... fui até à Olinda em plena terça-feira de carnaval... Portanto, vou falar com conhecimento de causa.Revelar algumas verdades que encontrei por trás da fantasia do carnaval
A primeira delas: o brasileiro adora carnaval.
Não acredito.
Segunda falsa verdade: o carnaval é uma festa genuinamente brasileira.
Não, não é. O carnaval, tal como o conhecemos, surgiu na Europa, durante a era vitoriana, e se espalhou pelo mundo afora, adaptando-se a outras culturas.
Quarta falsa verdade: É uma festa popular.
Balela! O carnaval virou negócio – dos ricos. Que o digam os camarotes VIP, as festas privadas e os abadás caríssimos, chamados "passaportes da alegria".
E quem não tem dinheiro para comprar aquele roupinha colorida não tem, também, o direito de ser feliz??? Tem não.
E aqui, na Paraíba, onde se comemoram as prévias não é muito diferente. A maioria dos blocos vive às custas do poder público e nenhuma atração sobe em um trio elétrico para divertir o povo só por ser, o carnaval, uma festa democrática.
Milhões de reais são pagos a artistas da terra e fora dela para garantir o circo a uma população miserável que não tem sequer o pão na mesa.
Muitas coisas, hoje, me revoltam no carnaval.
Uma delas é ouvir a boa música ser calada à força por "hits" do momento como o "Melô da Mulher Maravilha", e similares que eu nem ouso citar.
Fico indignada quando vejo a quantidade de ambulâncias disponibilizadas num desfile de carnaval para atender aos bêbados de plantão e valentões que se metem em brigas e quebra quebra.
Onde estão essas mesmas ambulâncias quando uma mãe de família precisa socorrer um filho doente? Quando um trabalhador está infartando? Quando um idoso no interior precisa se deslocar de cidade para se submeter a um exame?
Me revolto em ver que os policiais estão em peso nas festas para garantir a ordem durante o carnaval, e, no dia a dia, falta segurança para o cidadão de bem exercitar o direito de ir e vir.
Mas o carnaval é uma festa maravilhosa! Dizem até que faz girar a economia. Que os pequenos comerciantes conseguem vender suas latinhas, seu churrasquinho....
Se esses pais de família dependessem do carnaval para vender e viver, passariam o resto do ano à míngua.
Carnaval só dá lucro para donos de cervejaria, para proprietários de trios elétricos e uns poucos artistas baianos. No mais, é só prejuízo.
Alguém já parou para calcular o quanto o estado gasta para socorrer vítimas de acidentes causados por foliões embriagados? Quantos milhões são pagos em indenizações por morte ou invalidez decorrentes desses acidentes?
Quanto o poder público desembolsa com os procedimentos de curetagem que muitas jovens se submetem depois de um carnaval sem proteção que gerou uma gravidez indesejada?
Isso sem falar na quantidade de DST’s que são transmitidas durante a festa em que tudo é permitido!
Eu até acho que o carnaval já foi bom... Mas, isso foi nos tempos de outrora.

sábado, 5 de março de 2011

CAPOTE DA MADRUGADA!!! O ápice da alienação

Criaram aí um tal CAPOTE DA MADRUGA, envergonhando a cultura piauiense. É triste comprovar que artistas locais estão sendo cúmplices dessa sandice; promover uma cultura que não é nossa, imitando e copiando sem o menor escrúpulo e tendo a coragem de mostrar a cara na TV pra divulgar o tal CAPOTE DA MADRUGADA.
Se fosse apenas aquele bando de foliões, dando uma de PALHAÇOS, pulando e saltitando no meio da avenida, uns alienados culturalmente como eles são, ainda era aceitável porque eles nao sabem nada de música, de tradição, de cultura. Mas artistas renomados no nosso Estado no meio dessa palhaçada, compondo um freve ridículo como tema do "cordão de alienados"!!! Eles, os foliões, querem apenas brincar, se divertir, já que não têm mesmo o que fazer na vida, mas nossos artistas, aqueles que deveriam zelar pela nossa cultura apoiar e participar disso, é mesmo o fim.
E a falta de criatividade é tanta que até o nome é igual, só muda a ave! Que coisa!!!! Estou envergonhado com isso e tenho vergonha desses pseudo artistas que parece não terem personalidade musical, já que se vendem e vendem sua arte por qualquer pequeno pacote de moedas.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

MÚSICA GOSPEL?

Música Gospel:
Muitos grupos de amadores e desinformados usam erroneamente esse termo. Junta-se algumas pessoas que não sabem música, geralmente de agremiações religiosas e começam fazer pagodes, swingueiras, forrós, rocks, sertanejos com letras de cunho religioso definindo AQUILO de gospel. Não sabem eles que gospel não significa apenas fazer uma
letra num estilo musical qualquer. Gospel é, por si só, um estilo musical assim como é o jazz, o blue, a bossa nova, o rock, o samba, o forró. O que estão fazendo é apenas introduzindo letra de cunho religioso num estilo musical já existente e não fazendo música no estilo gospel. Aconselho essa garotada estudar música, procurar uma universidade e buscar conhecimento musical, deixar a música gospel para seus criadores que a fazem muito bem, os negros evangélicos norte-americanos.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A ARTE DE PORTINARI

Filho de imigrantes italianos, Cândido Portinari nasceu no dia 29 de dezembro de 1903, numa fazenda de café nas proximidades de Brodowski, em São Paulo. Com a vocação artística florescendo logo na infância, Portinari teve uma educação deficiente, não completando sequer o ensino primário. Aos 14 anos de idade, uma trupe de pintores e escultores italianos que atuava na restauração de obras sacras passa pela região de Brodowski e recruta Portinari como ajudante. Seria o primeiro grande indício do talento do pintor brasileiro. Aos 15 anos, já decidido a aprimorar seus dons, Portinari deixa São Paulo e parte para o Rio de Janeiro, sem nenhum dinheiro no bolso, para estudar na Escola Nacional de Belas Artes. Durante seus estudos na ENBA, Portinari começa a se destacar e chamar a atenção tanto de professores quanto da própria imprensa. Se destaca tanto que aos 20 anos já participa de diversas exposições, ganhando elogios em artigos de vários jornais. Mesmo com toda essa badalação, começa a despertar no artista o interesse por um movimento artístico até então considerado marginal: o Modernismo. Um dos principais prêmios almejados por Portinari era a medalha de ouro do Salão da ENBA. Nos anos de 1926 e 1927, o pintor conseguiu destaque, mas não venceu. Anos depois, Portinari chegou a afirmar que suas telas com elementos modernistas escandalizaram os juízes do concurso. Em 1928 Portinari deliberadamente prepara uma tela com elementos acadêmicos tradicionais e finalmente ganha a medalha de ouro e uma viagem para a Europa. Os dois anos que passou vivendo em Paris foram decisivos no estilo que consagraria Portinari. Lá ele teve contato com outros grandes artistas, além de conhecer Maria Martinelli, uma uruguaia de 19 anos com quem o artista se casaria e passaria o resto de sua vida. A distância de Portinari de suas raízes acabou aproximando o artista do Brasil, e despertou nele um interesse social muito mais profundo. Em 1931 Portinari volta ao Brasil renovado. Muda completamente a estética de sua obra, valorizando mais cores e a idéia das pinturas. Aos poucos o artista deixa de lado as telas pintadas a óleo e começa a se dedicar a murais e afrescos. Ganhando nova notoriedade na imprensa, Portinari expõe três telas no Pavilhão Brasil da Feira Mundial em Nova York de 1939. Os quadros chamam a atenção do diretor geral do Museu de Arte Moderna de Nova York. Em 1940 a obra "Morro do Rio" é exposta no Museu de Arte Moderna de Nova York, e o artista ganha uma exposição individual em Nova York. Nessa época Portinari faz dois murais para a Biblioteca do Congresso em Washington. Ao visitar Museu de Arte Moderna de Nova York, Portinari se impressiona com uma obra que mudaria seu estilo novamente: "Guernica" de Pablo Picasso. No final da década de 1940, Portinari se muda com a família para o Uruguai. Mesmo longe de seu país, o artista continua com grande preocupação social em suas obras. Em 1954 Portinari apresentou uma grave intoxicação pelo chumbo presente nas tintas que usava. Desobedecendo a ordens médicas, Portinari continuou pintando e viajando com freqüência para exposições nos EUA, Europa e Israel. No começo de 1962 a prefeitura de Milão convida Portinari para uma grande exposição com 200 telas. Trabalhando freneticamente, o envenenamento de Portinari começa a tomar proporções fatais. No dia seis de fevereiro do mesmo ano, Cândido Portinari morre envenenado pelas tintas que o consagraram. Portinari pintou quase cinco mil obras, desde pequenos esboços até gigantescos murais. Foi o pintor brasileiro a alcançar maior projeção internacional. Uma das obras mais importantes de Portinari, O lavrador de café, foi furtada do segundo andar do Museu de Arte de São Paulo na madrugada do dia 20 de dezembro de 2007, em uma ação de três minutos, juntamente com o quadro Retrato de Suzanne Bloch, de Pablo Picasso. Estas obras foram resgatadas e restituídas ao museu dia 8 de janeiro de 2008, sem sofrer avarias.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

PROFESSOR DE ARTE NÃO É DECORADOR DE ESCOLA

Uma série de enganos gravíssimos, por incrível que pareça, ainda compromete o ensino da arte nas escolas públicas, fruto da ignorância de algumas equipes pedagógicas que, por desconhecer as mais recentes concepções do ensino de Arte, insistem em querer confundir aulas de Arte com lazer.
De fato, as aulas de arte não podem ser usadas como terapia, como um descanso depois de uma “aula mais séria” (matemática, português, ciências...) para relaxar os alunos. A aula de Arte, de forma alguma, pode ser utilizada para fazer decoração de escola (professor(a) de arte não é decorador(a)), promover festinhas em datas cívicas (professor(a) de arte não é promoter), fazer “presentinhos” para o dia dos pais, das mães, das crianças, pintar “coelhinhos” da páscoa e árvores de natal.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394, de 1996 estabelece em seu artigo 26, parágrafo 2º que “o ensino da Arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o DESENVOLVIMENTO CULTURAL dos alunos”. “A arte é importante na escola principalmente porque é importante fora dela”.(Maria Celeste Martins, 1998). Portanto, nenhum DESENVOLVIMENTO CULTURAL traz em se pintar “coelhinhos” na páscoa, fazer árvores no natal, pintar “bandeirinhas” nas datas cívicas,fazer “presentinhos” para o dia dos pais, das mães ou das crianças. A arte deve ser trabalhada “como área com conteúdos próprios ligados a cultura artística, e não como atividade”.(PCN arte).
O(a) professor(a) de arte (seja efetivo, substituto ou estagiário) deve deixar isso muito claro para a equipe pedagógica de sua escola logo no início do ano letivo. Todas essas considerações devem constar, com muita ênfase, no item “Justificativa da Disciplina” do plano de curso anual, não como sugestão, mas de maneira imperativa, pois quem sabe o que trabalhar em cada sala de aula, em cada turma, em cada série é o(a) professor(a) que passou vários anos na universidade estudando para desempenhar essa árdua tarefa de ser professor(a) de Arte. A equipe pedagógica é meramente técnica, teórica, embora muitas escolas já tenham uma visão bem contemporânea do ensino da arte e muitos diretores, diretoras e equipes pedagógicas já deixam o professor à vontade para desempenhar sua atividade verdadeira no ensino da arte.
A Lei nº 5.692, de 1971 que criou o componente curricular Educação Artística determinava que a disciplina abordasse conteúdos de música, teatro, dança e artes plásticas nos cursos de 1º e 2º graus. Assim nasceu a figura do professor único que deveria dominar todas essas linguagens.
Pelo bem da disciplina essa concepção caiu e hoje as universidades de todo o Brasil oferecem Licenciaturas específicas em cada área do conhecimento da ARTE. O professor não pode e não deve ser polivalente em arte e a escola deve ter um professor em cada uma das áreas desse importante conhecimento; seja em artes visuais, dança, teatro ou música.
A Universidade Federal do Piauí, infelizmente, oferece apenas duas Licenciaturas: em artes visuais e em música, deixando o nosso estado sem profissionais habilitados para atuarem nas outras áreas fundamentais da arte. Assim, professores e professoras da rede pública, seja ela estadual ou municipal, ainda são levados a ministrar aulas numa habilitação distinta a sua; profissionais licenciados em música encontram escolas desestruturadas e despreparadas para recebê-los e se submetem a ministrar aulas de artes visuais e outras formas de arte, ocupando o lugar dos colegas, principalmente de artes plásticas. Não há quem fiscalize. Não há uma organização, não há uma associação que represente os arte-educadores (acho essa expressão feia, anacrônica) no Piauí. Estamos jogados ao Léo(leão).
Está na hora de começarmos impor nossas condições de trabalho. Não é mais aceitável ver nossa disciplina ser tratada como um “tapa buraco”. Um “entretenimento”, um “passa tempo”. Embora que, tentar mudar essa concepção de lazer da disciplina de Arte vá causar reações brutais por parte de direções de algumas escolas, como a que presenciei no ano de 2009 quando trabalhei na escola Profa. Helena Carvalho, no bairro Memorare, zona norte de Teresina, onde ouvi da Senhora Diretora, profª. Dulcila Castelo Branco Carvalho, que “Arte é uma disciplina inútil. Não serve ‘pra’ nada. Se eu tivesse o poder da caneta eu dizimaria essa disciplina do currículo”. Fiquei chocado em ouvir tais sandices de uma “des)educadora” por eu não ter obedecido a uma ordem de ‘decorar’ as salas para uma visita das técnicas da SEDUC e por me recusar fazer uns “bois” de EVA e “bandeirinhas” para colar nos corredores.

Referência:
Martins, Mirian Celeste Ferreira Dias
Didática do ensino de arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte / Mirian Celeste Martins, Gisa Picosque, M. Terezinha Telles Guerra. – São Paulo: FTD, 1998.

sábado, 5 de junho de 2010

CURSOS DE ARTE DA UFPI

“Existem cursos de ARTE na UFPI”? Essa é a pergunta que ouço de cerca de noventa por cento das pessoas quando digo que sou graduado em música pela nossa tão conclamada, inchada, linchada, sucateada, sugada, pobre e decadente Instituição de Ensino Superior. E pasmem! A maioria dos estudantes da própria Universidade não sabe que lá há cursos de Licenciatura em Música e Artes Visuais.

1.Alguns pontos merecem ser destacados:O fluxograma está cheio de disciplinas inúteis para o curso:Fico me perguntando o que passa pela cabeça de quem planeja esses fluxogramas e concluo que esses especialistas, mestres e doutores deveriam voltar à sala de aula porque se tornaram incompetentes, visionários e utópicos no decorrer da construção, muitas vezes sentados em frente a um computador, de suas frias teses. As ações desse pessoal, de tão irreais que são, chegam a beirar o ridículo.
Disciplinas como Sociologia da Educação, Filosofia da Educação, História da Educação, Arqueologia da Educação, Psicologia da Educação (que por incrível que pareça ainda temos que cursar um ano inteiro de uma Psicologia da Educação visionária, utópica, ultrapassada, mal ministrada...) minam, dia-a-dia, o talento artístico dos estudantes de ARTE. Eles estão ali para aprender e apreender ARTE e não para serem meros e frios teóricos em nada. O estudante fica frustrado e desiste do curso logo no primeiro ano. O curso fica longo, cansativo, fora de foco e muito chato para um artista. Mas já que, ao que parece, a principal função desses “mestres” e “doutores” é “encher lingüiça com maresia” vai aqui umas sugestões de disciplinas para a próxima reunião (em fazer reunião eles são PHDs): Ufologia da Educação, mesmiciologia na Educação, Binladeologia da Educação, Juniologia da Educação, Opiologia na educação... esses caras deviam usar psicologia para explicar porque gostam tanto de (gia) jia.

2. Falta de ação artística:
Quem passa pelos corredores do CCE jamais saberá que ali funcionam cursos de arte. É um Centro “frio”, sem vida, mal cuidado, nenhuma expressão artística para os visitantes e estudantes de outros cursos. O CCHL fervilha arte e cultura, enquanto o CCE, que aloja os cursos de arte, é morto artisticamente.O CAMA (os caras vivem dormindo!!!) Centro Acadêmico de Música e Artes visuais exerce regularmente e com muita competência sua única função no curso: a de assinar os formulários das carteirinhas dos estudantes e ficar com uma taxa de três ou quatro reais de cada estudante, levar esses formulários ao DCE, que por sua vez embolsa para seu partido político e seus membros cerca de seis reais por cada carteirinha que custa, na gráfica, cinqüenta centavos. Um bom negócio!
O coordenador e todos os que trabalham nesses cursos deveriam ser, antes de professores meramente técnicos, artistas. Falta vivência da arte. Falta espírito artístico. Falta talento. Deveriam esquecer-se que são meros funcionários públicos apenas esperando o final do mês chegar para ir ao banco do Brasil sacar a gorda quantia que nós, estudantes, depositamos em suas contas.

3. O curso de música, no qual sou graduado, está precisando de socorro urgente: Conheço alunos que há anos lutam para concluir sua graduação, mas o corporativismo existente na administração faz com que a maioria dos professores escolha seus horários a seu “bel prazer”, sem se importarem com as reais necessidades dos alunos de conciliar trabalho, estudo, vida social, familiar e cultural. No turno da manhã praticamente não há aulas no DMA (Dep. de Música e Artes Visuais). Esquecem, alguns professores, que eles são funcionários dos estudantes; os estudantes quem bancam suas mordomias e seus salários obesos.
Estudantes de Arte, despertem-se! Acordem! Levantem da CAMA!